Com medo de não aparecer investidores nos leilões, governo muda a remuneração dos projetos e abre espaço para a iniciativa privadaPassados mais de oito meses desde o anúncio do PAC das Concessões, quando a presidente Dilma Rousseff divulgou a intenção de privatizar 7,5 mil quilômetros de rodovias e 10 mil quilômetros de ferrovias, o governo resolveu, finalmente, consultar os investidores sobre o interesse em participar dos leilões com as condições inicialmente oferecidas à iniciativa privada.“A diferença desta vez é que as premissas dos projetos em si mudaram, vieram para a realidade macroeconômica brasileira”, explica Massami Uyeda Junior, sócio do escritório Arap, Nishi & Uyeda, ou ao site de VEJA. Para ele, a elevação da remuneração é um avanço porque o governo havia superestimado o tráfego de veículos (como ficou claro em fevereiro), como também estava exigindo muito em seu plano de investimento, que inclui reformas, construções, duplicações, recuperação de rodovias, sinalizações, etc. O resultado foi o adiamento dos leilões – os primeiros foram, inclusive, cancelados a menos de uma semana da data marcada pelo medo de simplesmente ninguém aparecer.Histórico - Em fevereiro, o governo tentou maquiar a apresentação das vantagens de investimento em infraestrutura no Brasil, publicando um aumento da taxa de retorno alavancada das concessões a 17% (rodovias) e 16% (ferrovias). Contudo, não foi explicado que essa taxa leva em consideração também o financiamento do projeto, que, por ser subsidiado, acaba aumentando naturalmente a remuneração do investidor. Contudo, a taxa de retorno real, intrínseca ao projeto, permaneceu inalterada, em 5,5% para rodovias e 6,5% para ferrovias.Lucas Sant Anna, sócio da área de infraestrutura do escritório Machado Meyer, explica que é comum que, com a maturação da parceria público-privada no setor e a maior segurança dos contratos, a taxa de retorno tende a ser menor. No entanto, ele lembra que a remuneração do investimento precisa ser superior ao retorno que o mercado financeiro paga pelo dinheiro, ou seja, outros tipos de aplicação. "Vamos ver nos próximos dias, quando os detalhes dos contratos forem divulgados, se essa nova equação faz sentido. Tudo vai depender da alocação de risco do contrato. Em alguns casos 7,2% pode não ser suficiente." (Veja Online - http://veja.abril.com.br 09.05.2013)